MITOS DE NZAZI A DISPUTA ENTRE NZAZI E O ARCO-IRIS L’arc-em-ciel et La foudre – pág. 57/58 M3 – Yombe A disputa entre Nzazi e o Arco-Iris Mito dos Yombes Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo Heusch, Lui de. Lê Roi Ivre ou L’origine de l’etat. Lês essais CLXXIII, Gallimard, 1972 Um dia, Mbumba, o arco-íris, deixa sua caverna na beira da água e sobe ao céu, onde vive Nzazi, o raio. Juntos constroem uma cidade e Nzazi que é o chefe do céu, propôs confiar a chefia da cidade a Mbumba, mas este não aceitou e volta à terra. Aqui chegando, se joga na água, mas duas mulheres que estavam no rio pescando, haviam fechado a caverna que servia de morada para Mbumba. Mbumba fica muito bravo, e as mulheres tentam matá-lo, mas na disputa ele arranca o dedo de uma e assombra a outra em forma de uma serpente que deixara a água vermelha, fazendo com isso que todas as mulheres se evadissem do local. Após isso, Mbumba volta para o céu e lá chegando, percebe que Nzazi teria vindo pra terra a fim de matar seis homens. Nzazi não demora a voltar e quando retorna saúda Mbumba com um ar zombeteiro. Mbumba reconhece que Nzazi é o dono do céu e lhe oferece um escravo, mas ajuíza que se Nzazi matá-lo haverá uma grande chuva torrencial. Nzazi não leva a sério as palavras de Mbumba e esbofeteia o escravo que se põe a chorar. Mbumba retorna à terra e procura seu amigo Phulu Bunzi que é o Senhor da água. Ele pede a Phulu Bunzi que mate Nzazi. Phulu Bunzi então sai da água com um grande aparato real e convoca Nzazi para um procedimento mágico. Desde que Phulu Bunzi saiu da água a terra inundou-se. Phulu Bunzi então estabelece uma disputa com o arco-íris e conclui um pacto de amizade com Nzazi que volta para o céu. Após isto feito, Phulu Bunzi espera o Arco-Íris em sua cidade e se despede do mesmo num dia de muita chuva, e ao mergulhar no rio, que é sua casa, percebe que seu filho está morto, mas o Arco-Iris diz a ele que, se o mesmo render-se a ele e lhe pagar uma reparação, o menino se salvará.. Phulu Bunzi não tendo como cumprir a exigência, decepa a cabeça de Mbumba, o Arco-Íris, e manda enterrar seu corpo próximo a paliçada e espetar sua cabeça sangrenta no mastro mais alto. Comentário... Este mito realça o caráter irrascível de Nzazi, pois sendo ele o próprio raio é um elemento altamente temido entre os povos tradicionais, que viviam sem proteção contra os fenômenos atmosféricos. Além disso, ele é considerado em África o justiceiro, porque acreditam que quando uma casa é atingida por uma descarga elétrica, é porque o dono da casa cometeu alguma falha contra a comunidade. Mas por outro lado, o raio é prenúncio de chuva, esta sim sempre bem vinda entre os povos agricultores que dependem dela para a própria sobrevivência. Vemos neste mito, um pacto celebrado entre a chuva, o raio e as águas de Phulu Bunzi. Mbumba, o arco íris é morto, sinal de que as chuvas vão parar e sua cabeça sangrenta é espetada numa paliçada, símbolo das cores do arco-íris. Entre o raio –Nzazi – e o arco-íris – Mbumba – há sempre rivalidade, porque onde um está o outro não aparece. ............................................................................................... A LUTA ENTRE A MORTE E RAIO LE COMBAT DE MORT ET DE FOUDRE A LUTA ENTRE A MORTE E O RAIO (NZAZI) Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo Heusch de Luc. Róis nés d’um coeur de vache. Lês essais CLXXIII, Gallimard, 1972 A mãe do Raio estava cozinhando feijão quando a Morte apareceu e chamou-a ao que ela respondeu prontamente. A Morte então defeca sobre uma roca e a obriga a comer tudo e proíbe-a de contar aos outros o acontecido. O Raio, entretanto, prevenido do acontecido, se esconde para surpreender a morte na sua próxima visita. Quando a Morte apareceu novamente, o Raio bateu nela muito forte, mas não acertou e infelizmente o golpe mal dado acertou sua mãe, matando-a. Em seguida, a Morte foge para uma caverna que o Raio conhecia muito bem. Lá chegando, o Raio preparou-se para dar o golpe fatal, mas foi impedido por um jato de urina no olho dado por um mergulhão, um animal que ficou raivoso pelo clarão dos golpes do Raio. A Morte escapa novamente e o Raio volta para o céu, deixando a Morte exercer seu trabalho livremente na terra. A raiva do Raio em relação ao mergulhão é eterna, mas este não precisa se preocupar em refugiar-se nos dias de tempestade, pois o Raio não chega até as cavernas ou próximo das árvores onde ele vive. Comentário... Neste mito o raio trava uma batalha de morte com a própria morte, mas nenhum dos dois sai vencedor numa clara alusão que os elementos da natureza têm seu próprio percurso e um depende do outro para a sobrevivência de ambos. O Raio, sempre perigoso mata a própria mãe sem querer e só não mata a morte porque esta se esconde numa caverna, local inacessível para o raio. No final da narrativa, o Raio volta para o céu, lugar em que vive e que não provoca estragos e a morte continua seu caminho. Quanto ao mergulhão, o animal que salvou a morte do raio continua eternamente inimigo deste e sempre que há clarão de raio esconde-se nas cavernas ou próximo das árvores onde o raio não alcança. ....................................................................... |
Família Tumbansé Mukuiú a todos! Este é o espaço dos filhos e amigos do Terreiro Tumbansé. Sejam todos bem-vindos!
sábado, 22 de janeiro de 2011
MITOS DE NZAZI
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