quinta-feira, 10 de março de 2011

A Encruzilhada na Concepção dos Bantu

Quem se encontra em uma encruzilhada é, neste momento, o verdadeiro centro do mundo.
A encruzilhada liga-se à situação de cruzamento de caminhos que a converte numa espécie de centro do mundo.
Lugares onde ocorrem aparições: As encruzilhadas costumam ser assombradas por gênios ou espíritos geralmente temíveis, com os quais o homem tem interesse em se reconciliar. É igualmente um lugar de passagem de um mundo para o outro, de uma vida a outra, passagem da vida à morte. Nas regiões de florestas e savanas, a encruzilhada assume a importância de algo sagrado. Costuma-se batizá-la de encruzilhada do encontro ou da residência.

O local torna-se sagrado após um ritual específico.
Em um cruzamento de caminhos de caminhos, costumam batizá-la encruzilhada do encontro ou da residência.
É nas encruzilhadas, que as mulheres BALUBAS e LULUAS (incumbidas do cuidado das plantações) costumam depositar os primeiros frutos da colheita.

Se a cidade estiver ameaçada pela fome, a população inteira se dirige em procissão às encruzilhadas mais próximas a fim de depositar ali oferendas de víveres ou de velhos utensílios domésticos, destinadas às almas dos ancestrais.
Nas encruzilhadas, ainda, é que as mulheres acabam de "desmamar" um filho, ficando assim dispensadas da proibição costumeira de terem relações sexuais durante o período de aleitamento, sacrificando uma galinha branca às almas das crianças mortas.

A encruzilhada encarna o ponto central, o primeiro estado da divindade antes da criação, é a transposição do cruzamento original de caminhos que o criador traçou no começo de todas as coisas com sua própria essência para determinar o espaço e ordenar a criação.
Para os Bantu, quando uma pessoa não sabe qual caminho seguir dizem estar em estado de PAMBWA (ENCRUZILHADA).
NJILA vai conosco aonde vamos, está em todos os lugares, porque está dentro de nós, vê tudo que vemos, pois vê com nossos olhos, sabe o que vai acontecer, pois conhece todos os caminhos e faz parte da arte divinatória.
Sem NJILA todos os elementos do sistema e seu dever ficariam imobilizados.
NJILA tem a ver com a criação. NJILA leva a propulsar (impelir para frente), a crescer, a transformar, a comunicar, ajuda as pessoas a se desenvolverem e a adquirirem um bom nome.
NJILA está relacionado com as cavidades do corpo (mukutu), cabeça (mutue), cavidade da boca e estômago (muzumbu e dikutu), umbigo (tumbu), cavidade do útero (kivaji).
NJILA nunca existiria se o mundo não fosse criado em uma encruzilhada, a verdadeira cruz bantu.