segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mutakalambo

Mutakalambo 

Entre os Tshokwé, o primeiro caçador mitológico de todos os tempos éKawa ka Tschimbundu, considerado um Hamba poderoso prescrito pelo "Tahi" (Adivinho) na maioria das vezes em que há necessidade de harmonizar o caçador.
Mutá é um Hamba encontrado entre os Tschokwé, no qual aparece como uma divindade dos caçadores terrestres. Sua representatividade é um cão, aquele capaz de farejar a caça, companheiro inseparável dos caçadores e que também recebe Itumbu (Filtros mágicos) para adentrar as matas.
Mutá aparece sempre, nos cultos, acompanhado de Sambongo (figura masculina) e Nambongo (feminina) que têm como primeira função tornar a caça benéfica, protegendo os caçadores que reside nas florestas. Acompanha também Mutá o Hamba Samukishi(O senhor das máscaras), aquele que recebe a primeira Menga do animal abatido e que somente depois será ofertado a Mutá. Portanto, dentro de um Tshipanga (Cercado onde se encontram os Hamba), Mutá nunca se apresenta só.
Nas regiões de Luanda, Mutakalombo, aparece como uma divindade dos animais aquáticos e sob as suas ordens encontram-se: Kaiongo (sua esposa) que também está ligada aos animais terrestres, Samba Zundo que ocupa também o lugar de esposa de Mutakalombo.
Segundo Oscar Ribas:
Mutakalombo - espírito que superintende na esfera dos animais aquáticos. Entidade espiritual da fauna aquática.
Foi cônego, saiu de Portugal, andou por muitas localidades e morreu velho, razão por que assim é invocado nos seus cânticos. Finou-se num montículo de Salalé, num Musseque das imediações de Luanda.
É único com esse nome, passando a adaptar nas atuações seu cão é o jacaré, de que se serve para punir uma falta grave. Em várias pesquisas Mutakalombo aparece como divindade aquática, que utiliza seu jacaré (Ou crocodilo) para arrebatar mulheres na beira d’água com a finalidade de servi-lo. Aquelas que conseguem sobreviver e retornam, recebem o poder de Mutakalombo para sacerdote.
Junto com Mutá, encontramos Mutanjinji, divindade feminina que superintende a esfera dos animais terrestres, é a “Entidade da Fauna Terrestre”.
Encontramos também Kabila que serve a Mutanjinji e tem ligação com Mutakalombo, sua função é a de Pastor. Quando um caçador não consegue abater uma peça de caça, e, por intermédio de um Xinguilador (Feiticeiro-Nganga), suplica a Kabila sua intervenção, este lhe proporciona alguns animais que furta ao amo, difícil de aceder a tais pedidos.
Após a caçada, o caçador, como testemunha de verdade, apresenta ao Xinguilador as caudas dos animais abatidos. Na sua presença, ajoelha-se bate palmas de reverência e, tomada à bênção, informa-o do número de cabeças mortas.
Regressando ao mato, esquarteja todas as peças e torna a voltar á casa do Nganga com a carga. Então, cozinham as miudezas e, com a referida iguaria, brinda os Calundus(Divindades justiceiras e mendicantes), que se manifestam no Xinguilador em estado de possessão.
Durante a partilha, o caçador permanece de joelhos. Em caso de ingratidão para com a divindade, isto é, se não lhe participar o resultado da caçada, jamais tornará a abater uma só peça. É a punição.
A palavra Kabila vem de Kubila, que significa "Pastorear".
Vale a pena ressaltar que a classe mais alta entre os Bantu é a do caçador, em seguida vem a dos Ferreiros, e que vários são os ídolos de caça, mas aqui citamos apenas os conhecidos dentro do culto Angola/Kongo no Brasil.

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